terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Mumbai

Quem já assistiu à Ilha da Fantasia deve se lembrar do Tatoo. Pois foi seu irmão mais alto que nos acolheu com mimos e colares de flores no aeroporto de Mumbai às 2horas da manhã, quando aqui chegamos. Subimos num ônibus enorme, com ar condicionado, que estará à nossa disposição durante toda a estadia. O nome da empresa é bem sugestivo: Cozy Auto Tours. (Turismo automobilístico Aconchegante).


O café da manhã tomei no quarto mesmo, pois aqui não há um refeitório. O mais curioso foi o menu: torradas amanteigadas e um vidro de ketchup acompanhando. Para beber, café com leite já adoçado. Mais tarde, Fátima, Hanna e eu descobrimos, com os companheiros de viagem, que havia um cardápio no quarto e que poderíamos ter pedido algo diferente.

Meus primeiros dois dias na Índia foi como se eu tivesse entrado num filme antigo, mas não estivesse reconhecendo o roteiro. Tudo era quase alguma coisa que eu já experimentara porém, de uma hora pra outra, o controle remoto avançava para um novo canal e o estranhamento voltava. O engraçado é que o canal avançava tanto pro mais-que-passado quanto para o futuro. Incrível, isso! Sensações bastante desconcertantes. Por exemplo, no city tour eu percebia lindas construções ultra-modernas, mas também favelas que atropelavam a rodovia principal. Uma casa antiga me encantava olho adentro pela janela do ônibus até que uma parede totalmente em ruínas dava o 'acabamento final' à construção. Da janela do quarto, eu percebia os homens passando de calça comprida escura e camisa social - que nem no interior de Minas. De repente, entrava uma mulher na cena, vestindo um sari multicor da cabeça aos pés, manejando um Blackberry. Nunca a ideia de 'impermanência' me pareceu tão óbvia.


 
Algumas atitudes dos indianos também me surpreenderam: ao pedir desculpas para um rapazinho por ter me esbarrado nele na rua cheia, ele me devolveu um sorriso tão largo e amável, que quase valeu à pena tê-lo empurrado... Do mesmo modo, meus olhos se encheram de lágrimas quando, da janela do ônibus super luxuoso em que fazíamos o city tour, recebi beijos, aplausos e tchauzinhos de três crianças pobres - uma garota e talvez seus dois irmãozinhos menores. Cheguei a me envergonhar porque, a princípio, pensei que iriam me pedir dinheiro... mas não! Eles estavam realmente me dando um belo presente.

Para terminar as primeiras impressões, não posso deixar de mencionar um homem que simplesmente entrou na frente da minha câmera quando eu tentava bater uma foto de uma casa em ruínas a beira mar. Seu gesto foi tão espontâneo que só me restou inclui-lo no retrato, em primeiro plano.


 





domingo, 26 de dezembro de 2010

Lions Park


Estamos passando este Natal na companhia de animais selvagens no Lions Park em Johannesburg, África do Sul. Tiramos retrato junto aos bebês leões. Alguns de nós chegaram a tocá-los. Uma girafa também veio comer na mão do Antônio Mateus e de turistas orientais. Vimos hienas e chitaas de fora das cercas. À tarde, entramos num ônibus todo gradeado (uma jaula ambulante) e passeamos pela reserva, observando zebras, blazebocks, leões e leoas – novinhos e adultos e cachorros selvagens.

 

Uma jovem guia explicou que as zebras são cinzas, mas seu pelo é listrado. Pode-se notar sua verdadeira cor quando o pelo é cortado. As listras servem de camuflagem contra os predadores, que só enxergam em preto e branco e se confundem quando um bando de zebras cruza seu caminho. 

Os blazeboks têm esse nome por causa de um brilho que têm nas costas. As fêmeas dão à luz como os coelhos, todas ao mesmo tempo pois, assim, mesmo se alguns filhotes forem comidos, ainda restam muitos para a propagação da espécie. Eles costumam balançar a cabeça para a frente, tentando se livrar de vermes nas narinas. 

Leões e leoas moram juntos. Sentem-se donos do território e, por isso, não tentam escapar da reserva. Isso só acontece se houver uma briga séria, ou se um macho sentir o cheiro de outra fêmea fora do seu território ou se faltar comida – o que não é o caso aqui. Nos últimos dez anos, aliás, a reserva tem ganhado galinhas, bois e carneiros dos fazendeiros da região, que doam os bichos mortos para alimentar os leões deste parque. Um leão come, em média, 50 kg de carne, uma só vez na semana. Isso porque dormem de 18 a 20 horas por dia, não necessitando de mais alimento sob o risco de engordarem demais. A certa altura, um leão de dois anos de idade chegou tão perto que subiu a grade de fora do ônibus, enquanto batíamos fotos. Mylena pôs o dedo em sua pata – a corajosa! 

Vimos também o John – leão chefe e bravo. Já matou um turista aqui há uns 3 anos atrás. Mas o cara pediu pra ser comido ao descer do carro e caminhar sozinho em sua direção! Parece que um treinador daqui consegue aproximar-se de John sem risco, pois o rei leão gosta dele! As propagandas do parque são feitas com essa dupla. 

Finalmente, os cachorros selvagens são mais perigosos do que os leões, segundo a guia. Os funcionários sempre acertam-nos com dardos de tranqüilizante antes de se aproximarem deles para um exame qualquer. Já dos leões, dizem, dá para chegar junto. Um cachorro selvagem corre diretamente em direção à sua presa e, de uma só abocanhada, rasga suas tripas e come o bicho vivo! Apesar da violência, diz a guia, uma morte assim é dolorosa do que a da presa de um leão que, primeiro, é sufocada até morrer para depois ser ingerida. A prova de que os brutos também amam é que os cachorros selvagens têm um forte senso de família. Assim, todos alimentam os filhotes, independentemente de serem os pais ou não. Mas, como nós, são capazes de matarem-se uns aos outros sem piedade numa briga.


  

Joburg

23/12/2010.


Aprendi, com o Denis, nosso guia e motorista bilíngüe, que na África do Sul falam-se onze línguas diferentes. Ele não compreende todas, mas diz que sua mãe, sim. Foi legal demais ouvi-lo falando Africaans ao celular – uma mistura de holandês, inglês e idiomas locais. O inglês aqui também tem suas particularidades. As pessoas usam uma regência diferente do verbo ‘to be’: You’s going... They’s going. Num anúncio publicitário, lê-se: Who ya gonna call? Como se fala. Aprendi que ‘dankie’ é mais usado que ‘thanks’ no dia-a-dia e que ‘Joburg’ é  Johannesburg para os de casa.

                O Soccer City – estádio da Copa e verdadeira obra de arte, segundo o Denis - é mesmo uma construção impressionante. Pena que estava fechado quando lá chegamos. Mesmo assim, os brasileiros se juntaram em torno da bandeira nacional para uma foto em frente. Nem o fato de a vã ter quebrado no caminho impediu que visitássemos o centro da cidade, bastante movimentado.  Notei os penteados variadíssimos e as perucas. E um mercado de pulgas imenso. Mas tudo de dentro do carro, pois os motoristas estavam receosos de terem que cuidar de 17 turistas (eles eram só dois). A violência aqui é uma preocupação real.



Nossa anfitriã e suas jovens amigas, amabilíssimas, nos ensinaram que, aqui, todos gostam de cozinhar. Os homens, em geral, se responsabilizam pelas carnes, enquanto as mulheres se esmeram nas saladas e sobremesas. Para o nosso primeiro jantar na pousada, fizeram três saladas diferentes e um peixe grelhado maravilhoso:  Snoek (ou snook), um peixe meio salgado, só encontrado em Cape Town (pronuncia-se ‘kepta’). A noite foi divina, com uma demonstração-aula de danças locais. Até os rapazes – Lukas, Carlos e André de Aracaju aderiram, mas isso não vi mais, que já estava dormindo, refazendo-me  da longa viagem e fuso horário de 4 horas entre Belo Horizonte e Joburg.

Aniversário em Guarulhos

22/12/10.

Já no aeroporto começava a festa: Catarina, de Aracaju, trouxe um panetone de luxo  para comermos na sala de embarque em  comemoração ao seu aniversário. Alguém do grupo apareceu com um isqueiro e, muito discretamente, Fátima e Ione começaram a estalar os dedos e sussurrar “parabéns pra você”. Em vão. Georgia não se conteve e logo, logo, todo o grupo batia palmas e cantava a plenos pulmões .  A festa se completou com a chegada do André, de Timbó, SC, cujo voo atrasara bastante e já não sabíamos se, afinal, ele iria ou não conosco.
Bom de grupo é isto: Ione acaba de ler o parágrafo acima e me lembra de acrescentar como foi gostoso encontrar, pouco a pouco, cada novo integrante que se juntava à turma no aeroporto. Cada pessoa ou casal de um lugar diferente deste imenso Brasil.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Pré-natal

Neste ano de 2010, o Natal foi ontem, dia 19:

O Papai Noel do shopping pediu de presente ao Papai Noel de verdade... um emprego fixo.
Ao ser perguntado se roía as unhas, Papai Noel respondeu: "roo, roo, roo".

Desejando promover gargalhadas gerais, como os primos mais velhos, Rafael, de 3 anos, resolveu também contar uma piada: "O dragão caiu na lama."
- Ha, ha, ha, que engraçado, Rafael, salvou sua mãe e todos rimos em compaixão.

Assim transcorreu na alegria e na paz o Natal em casa de minha mãe, com a presença de todos os familiares, antes que viajássemos eu, André (sobrinho de 22 anos), e Anderson (cunhado).

Essa última semana, aliás, foi toda de despedidas e celebrações de amizade. Pude estar com pessoas queridas que há muito não via. E ainda deixei dois encontros marcados após o retorno. Considero-me privilegiada!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Índia é tecnologia

Tenho em casa uma máquina fotográfica à prova de resistência tecnológica - uma daquelas "portáteis", com filme de rolo, que tira fotos sozinha se eu me dispuser a apertar o botão. Ganhei o presente há uns 20 anos atrás e a máquina está praticamente nova, de tão pouco uso.

Já estava certa de que, mais uma vez, contaria com a boa vontade dos amigos para me enviar algumas de suas fotos da viagem quando fui persuadida pelos familiares e colegas de trabalho a assumir esta responsabilidade na vida.

Assim sendo, fiz a maior extravagância: comprei uma "câmera digital" (não é 'máquina' mais!), estudei o manual em casa, e já aprendi o básico: tirar fotos - no modo automático - e descarregá-las no computador.

Nada mal, hem? Afinal, se estou mantendo blog, aceitei entrar pro facebook, se inclui-me por livre e espontânea vontade no twitter, melhor aderir logo ao vasto mundo virtual...

A propósito, escrevo de um netbook e, para a viagem, precisarei aprender a operar via 'wireless'.

Viajar é aprender - e ainda nem saí de casa!

sábado, 11 de dezembro de 2010

Boas intenções

Proponho-me fazer desta viagem um verdadeiro retiro espiritual. De modo que estarei atenta à faxina interna da mente por meio da meditação - mesmo que por curtíssimos períodos de tempo. Assim, aumento as chances de ficar mais relaxada, aprazível e disponível aos meus companheiros de jornada.

Além disso, proponho-me ser grata e valorizar esta oportunidade única, de visitar um país como a Índia num grupo tão amigável. Proponho-me curtir a viagem com alegria, o máximo tempo possível. E acolher as adversidades - que certamente surgirão - com paciência e dignidade.

Um mês juntos - 17 pessoas - numa programação intensa, não é nada fácil, já sei!

Sinto-me grata por nosso professor e guia turístico ter-nos lembrado disso no Facebook do grupo hoje embora, interiormente, já me havia proposto a mesma coisa.

Sempre bom estar em sintonia...

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Índia? Cuidado!

Se dependesse do Ministério da Saúde, ninguém sairia do Brasil para a Índia. Recebi uma apostila com inúmeras páginas de cuidados e uma lista de vacinas preventivas.


Contra a hepatite B são duas doses. Aplicadamente, tomei a primeira, há um mês atrás e ontem, após vinte e nove dias, tentei tomar a segunda, já que hoje é feriado. Em vão. A atendente me garantiu que só a partir do trigésimo dia é que o remédio faz efeito...

Fica a lição: nem sempre é bom se adiantar nos preparativos de viagem.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Começa aqui

A viagem começa aqui, a 19 dias do embarque. Nunca pensei que pudesse viajar com um grupo de 17 pessoas. Menos ainda para tão longe do Brasil... a passeio! Nenhum compromisso de trabalho. Um presente caríssimo dos meus pais... que eu aceitei!

Pergunto-me quanto de iluminação já não haveria só neste início auspicioso.

Grande turma de amigos no Dhamma - a maioria. Pessoalmente, ainda não conheço a Fátima Amaral, mãe do Carlos, do Centro de Estudos Buddhistas Nalanda BH. Nem tampouco Rosvita, será buddhista? O André sulista e a Hanna, filha do casal curitibano Mylena e Davi, também falta conhecer.  Os outros 12, todos amigos ou, ao menos, conhecidos, dos vários retiros que já fizemos juntos. Inacreditável, mesmo.