terça-feira, 25 de janeiro de 2011

São Paulo!

Nem tudo acontece como planejamos. Fomos agraciados com o fato de que nenhum dos 10 voos que fizemos atrasou! Nem no Brasil nem alhures. Em contrapartida, enjoei da Índia a São Paulo sem parar: dois voos de 9 horas cada com intervalo de apenas uma hora entre os dois. Mesmo assim, minha estrela ainda brilhou: os prestativos companheiros de viagem se responsabilizaram pela minha bagagem e me dirigiram à assistência médica local em dois aeroportos, o de Joahnnesburgo, na África do Sul e o de Guarulhos, em São Paulo.

Resultado: pousei dois dias e meio na casa de meu pai, em Sampa, o que foi ótimo para matar as saudades e recobrar as forças para chegar, finalmente, a meu destino - BH. Esse 11º voo foi suave e perfeito. Não enjoei nadica de nada e, como era sábado, cheguei em casa rapidamente, num táxi que peguei no aeroporto de Confins.

Para registrar essa parada vitoriosa, nada melhor que uma foto de meu pai em sua "instalação", como ele diz, sua mesa de trabalho. Agora dá pra entender por que adoro as palavras?



Obrigada pela boa acolhida, meu pai!



 

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Mumbai a BH via África do Sul

Estou aqui terminando as últimas notas dessa epopéia incrível. Muito mais casos terei para contar em casa. E mais ainda para ruminar - tantas experiências, sensações e informações.



Um agradecimento especial ao grupo nota 1000 - que me valeu em diversas ocasiões.

E outro ao nosso professor, Ricardo Sasaki, por ter-nos proporcionado umas férias inesquecíveis!

Viajar é bom, mas voltar... é pra lá de melhor!

Até breve!



Cavernas de Ajanta

16/01/11.

A maior estopada que fizemos foi de Udaipur até Aurangabad. Avião e depois 12 horas quase de ônibus. Mas as caverna de Ajanta mereceram o sacrifício. Entrei nas duas primeiras de uma fileira em formato de ferradura. Havia gente pra todo lado pois era domingo e feriado muçulmano junto. Pareciam formigas ao longe. Essas cavernas foram criadas e esculpidas num bloco só - de uma só vez! Trabalho de arquiteto, engenheiro civil e artista decorador de um só fôlego - nos mínimos detalhes, contendo celas para os monges budistas, uma enorme estátua do Buddha ao fundo e vários pilares entalhados, além de pinturas pelo teto e paredes, contando um pouco da vida do Buddha. Incrível!!! Os indianos estão construindo uma réplica ao lado para quando tudo isso desaparecer na impermanência da vida. Considerando que elas estão lá desde o século II a.C., e já bem castigadas na pintura, apesar das obras de reconstituição que vimos, acho que é mesmo bem pensado!

Ontem, uma parte da turma mais bem disposta seguiu para as cavernas de Elora, hinduístas. Com a maioria, preferi ficar no hotel descansando para a longa viagem de volta, que já começa aqui, em Mumbai, após um vôo de apenas  40 min - ufa!! Enquanto isso, recebi uma massagem Kerla com óleo Ayurvédico, da cabeça aos pés, incluindo o rosto! Ao final, sauna a vapor num caixote de madeira com a cabeça de fora e um super banho completo para terminar. Dos deuses, realmente, numa mesa de madeira massiça , o oleo quentinho e mãos de fada reativando a circulação do corpo. Eu, que andava meio enjoada, fiquei novinha em folha!




Para terminar, algumas pessas comuns que me pediam para tirar seu retrato para que se vissem no visor da máquina, oops, câmera digital:








Udaipur

13/01/11.

A viagem de ônibus até Udaipur teve duas paradas interessantes. A primeira, não programada, para observarmos um boi rodando em círculos para tocar um pilão que espremia sementes de gergelim para extração do óleo. Uma pasta daquilo com melado era vendida em saquinhos de plástico, desses que seguram sanduíches. É claro que nosso professor comprou. Aquele tem estômago de avestruz. Experimenta qualquer negócio de qualquer barraquinha, limpo ou não. Achei interessante, pois me pareceu o projeto piloto da famosa barrinha de cereais ocidental.

A outra parada foi num templo jainista impressionantemente belo. Todo em mármore branco por dentro com pilastras aos montes super trabalhadas. O teto também era ricamente esculpido. E tudo branco. Não tirei fotos lá, mas vale a lembrança.

Já Udaipur, propriamente, fica no alto das montanhas. Já foi capital da Índia imperial. Essa cidade guarda alguns dos principais lagos do estado. Visitamos um que é artificial - Lake Pichola. Logo entendi por que Udaipur é a Veneza indiana. Há ilhas com palácios sobre o lago e hotéis de luxo por toda sua volta. No passeio de barco que fizemos, encontrei um produtor de eventos de Bollywood, sua esposa e uma amiga.  
Estavam marcando a locação de um casamento de 2.000.000 de dólares de algum ricaço do cinema indiano. Disse ser a moda aqui agora entre os abastados.

Fora dali, a pobreza é impressionante, sendo Udaipur uma área predominantemente rural. A Índia consegue ser pior que o Brasil em termos da desigualdade social. Não quis pagar para tirar fotos do local. Achei que não merecia, apesar de ter sido belíssimo. O City Palace era todo tortuoso por dentro, parecendo um labirinto antigo. Portas e passagens da altura de um anão abriam-se de repente para um pátio, ou jardim interno ou ainda belíssimas vistas do lago e da cidade ao longe.

E vejam só a cara  do chicken burger indiano, que comi num hotel chique, que não era o nosso:

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Jodhpur - cidade azul

12/01/11.

O Forte Mehrangarh, para mim, empatou com o Taj Mahal na beleza. Residência do marajá Haow Jhoda, no século XVI. Visitei até o seu jardim botânico. Que saudades... bananeiras! E muito verde para variar da poeira constante da Índia, principalmente nesta época seca de inverno. Um audio tour em inglês ia-me dando as explicações dos vários locais do forte. Bacana mesmo. E havia audio em espanhol para os colegas de viagem.

Do alto do forte avista-se um conjunto grande de casas residenciais, todas pintadas de azul - mas ninguém nos explicou o por quê disso.


Ao lado, visitamos a residência de um marajá de hoje, descendente daquele do Forte. Parte das centenas de aposentos é um hotel super luxo e outra pequena parte, um museu.Lá vimos utensilhos domésticos do palacete. Até uma coleção de relógios antigos belíssima!

À tarde, chegamos de ônibus a uma aldeia do povo Bishnoi. Eles vivem segundo 29 regras, a maioria delas relativas à preservação do meio ambiente. Um astro de Bollywood recentemente ficou preso por 2 meses, capturado pelos aldeões, porque estava caçando veados em suas terras. Para os Bishnoi os veados são deuses. E protegem toda fauna. Ficamos alojados em cabanas de barro com telhado de sapê, um resort imitando as casas locais. Fomos agraciados com um jantar típico delicioso - quase sem pimenta nenhuma - e um número de ciganos, de música e canto. O homem tocava citara e cantava. E a mulher cantava respondendo. Lindos! Até aprendi uns passos de dança com um terceiro elemento, a pedido dos meus amigos em volta da fogueira que nos aquecia. Noite estrelada. Tudo demais! Durante o dia, vários amigos deram uma voltinha de camelo. Preferi o jeep, pois estava um solão e eu morta de cansaço!


Os Bishnoi são tecelões. Vimos um trabalhando, que nos explicou o funcionamento daquele tear rudimentar. Um homem e uma mulher levam um mês para fazerem um tapete de 1,50m por 1,80m. Usam cabelo de camelo nos tons naturais - a prova de água e fogo. Usam também algodão tingido por legumes. Tudo natural, não dá alergia, explicaram.

Jaipur 2

10/01/11.

Não me lembro quando, um príncipe gaulês visitou Jaipur. Em sua homenagem, vários prédios da cidade, incluindo o então palácio do governo - o Palácio dos Ventos - foram pintados de rosa. O príncipe apelidou o lugar de Cidade cor-de-rosa, e pegou! O que vimos foi uma rua dos Caetés bem piorada, lotada da gente humilde de Jaipur e um mundo de lojinhas e vendas no meio da rua também.No meio disso tudo, o grandioso palácio para visitação, cheio de turistas ricos. Eu aqui me senti milionária e meio triste, pois quase sempre tinha que rejeitar todos os inúmeros pedintes e vendedores ambulantes que nos assediavam feito loucos!







Outro lugar de destaque em Jaipur foi o observatório. Uns dos primeiros instrumentos de medição do céu podem ser vistos ali. Tudo gigante! Incrível um relógio de sol enorme que dava horas com precisão de um segundo! Quanta sabedoria há quanto tempo atrás. Se não me engano, século XV ou XVI.



E nem mencionei o passeio de elefante para subir a montanha até o Forte Amber. Desengonçado, parecia uma rede, pra lá e pra cá. Tão alto que dava medo, pois o meu elefante resolveu margear o muro que dava prum precipício. Meus pezinhos, tinha hora, estavam balangando lá pra fora do muro...


E uma nota humana: Islam, um indianozinho de seis anos de idade, já mágico profissional, entrou no nosso ônibus e foi fazendo mágica por uns bons metros. Falava inglês e utilizava-nos como assistentes de alguns truques com uma sacola que, é claro, se encheu de dinheiro ao final, de cada um de nós. O pai o esperava ao final da jornada. Impressionou-me o centramento do menino. Show com começo, meio e fim claros. Tudo na maior seriedade e cavalheirismo. Não perdeu a pose nem quando foi abraçado por uma de nós. Mas, triste também. Tão pequeno e já na luta!!!

Jaipur

09/01/11.

Após uma massagem com óleo ayurvédico, o dia foi de compras em Jaipur. Mas o ponto alto foi à noite, num vilarejo montado que nem um parque de diversões pra adultos. Tudo como era na Índia antigamente. Barraquinhas de leitura de mão, de massagem, palquinhos com teatro de bonecos, danças típicas - cada moça equilibra cinco ou seis potes na cabeça, dançando. Elefantes pra andar, camelos também. Boi puxando carroça. Vários bonecos tamanho natural dramatizavam cenas do cotidiano da vida, como ir buscar água na fonte. Enfim, um restaurante pra marajá, com música indiana ao vivo. Comida típica, pra variar, aquele tanto de tigelinha, cada qual com uma comidinha diferente - tudo cheio de pimenta. Foi legal!



Fatepur Sikri e Poço da Lua

08/01/11.

Saindo de Agra em direção a Jaipur, paramos em Fatepur Sikri - a cidade dos fantasmas. O nome vem desta historieta: Akbar, o imperador, havia construído ali sua moradia - um forte majestoso e, em 1601, transferiu a capital para lá. Depois de tudo instalado, até com ruas calçadas e as pessoas morando já ali, acabou-se a água! Então tiveram que abandonar a cidade, literalmente. Daí o nome.

O que aprendemos é que ali, só os vivos metem medo... Uns atrevidíssimos indianos resolveram embargar nossa entrada, dizendo serem guias certificados do governo. E que não poderíamos visitar a cidade e nem tirar fotos se não os contratássemos. Ainda bem que nosso experiente professor peitou a turma. Depois de muita briga entre eles e nosso guia local - o bem-humorado Raqueshi - conseguimos passear numa boa. Eles até pediram desculpas ao nosso professor pela tentativa de enganar-nos!

Um outro lugar incrível nessa estrada foi o Poço da Lua - imaginem cavar uma piscina a 19metros e meio de profundidade. Em torno, de um lado, arquibancadas para o povo sentar. Do outro lado, na superfície, os camarotes do rei e da rainha e um palco. Em noites de lua cheia, o poço refletia a luz da lua, que iluminava as arquibancadas e o palco, onde todos assistiam a shows de dança e música. Chique no último!


E vivam as flores amarelas da mostarda!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Agra 2

Hoje visitamos o túmulo de Akbar, filho do imperador Humayun, cujo túmulo havíamos visitado também, em Nova Delhi. Segundo minha prezada amiga Fátima Fernandes, devemos muito a Akbar, pois este imperador valorizava as artes e a cultura! Yuhuuu! (gritinho da Fá).

A cerração era imensa nessa manhã friorentíssima. Mesmo assim, há fotos:






Como de costume, o que chamam de túmulo são verdadeiros palácios. Neste de Akbar, havia até veadinhos e pavões circulando por jardins imensos.

Em seguida, visitamos o Forte Vermelho de Agra. Instalações tão lindas que a Ione já imaginava usá-las como cenário de um casamento! (Ela é produtora de festas e eventos). E pensar que esse luxo todo tenha sido construído para guerrear... triste que dói. Prefiro a solução da alegre companheira Ione.

No Forte, um momento de carinho... lindos esquilos vieram comer na mão de alguns amigos, mais afeiçoados aos bichinhos.


Agra

06/01/11.

TAJ MAHAL! Lágrimas de emoção. Havíamos viajado um dia inteiro (8h30min) desde Nova Delhi, num ritmo lento e um trânsito infernal, como em quase toda cidade grande aqui na Índia, apesar de termos cruzado três estados e, em cada um, pago um pedágio pelo excelente trabalho do governo na manutenção das estradas. Dão de 10 a zero nas rodovias em Minas!



Do ônibus direto para o Taj Mahal, que fechava daí a pouco. Valeu todo o  sacrifício do cansaço e do frio - agora estamos pegando quase zero graus. O imponente Taj Mahal não deixou nada a dever à nossa imensa expectativa. Pelo contrário. Não tinha palavras. Só pude mesmo chorar uns bons 100 metros.

Fora o edifício em si, os jardins, e demais construções iam aos poucos desaparecendo ao cair da noite, numa bruma espessa de inverno, como por encanto - verdadeiro sonho!



Aqui também pagamos por uma foto de papel grande, de uma boa parte do grupo. Nossa alegria deixou-nos todos lindos! Só mesmo o Taj Mahal para conseguir essa façanha depois de tanta viagem!



Hotel aconchegante com calefação no quarto e dois cobertores na cama - dizem que na noite passada a temperatura chegou a 0,5º lá fora, mas não senti nada... benção pura!

Quase me esqueci... no caminho até Agra, paramos para visitar dois templos, construídos lado a lado, que muito me impressionou: o local do nascimento de Krishna - o deus mais amado pelos indianos - sustentava um templo hindu, colorido. Ao seu lado, entretanto, uma mesquita mulçumana fora construída sobre o que restara da demolição de outro templo hindu, mostrando a triste imposição de uma cultura sobre a outra. Até hoje havia lá guardas armados de fuzis ou metralhadoras que davam até medo de tão grandes, ostensivas, e perto da gente. Àentrada, fomos apalpados dos pés à cabeça, mulheres de um lado, homens do outro, como se fóssemos terroristas. Que mundo é este? PS: do ônibus até os templos de riquichá (não sei escrever...)







quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Nova Delhi

04/01/11.

Nova Delhi inclui a antiga Delhi. Este local, na verdade, já foi 7 cidades diferentes, sendo que, nesta região, foram encontrados resquícios de habitação humana datando de 2000 a. C. Aqui visitamos uma mesquita mulçumana, o Forte Vermelho, outro Portal da Índia e Qutb Minar, um minarete da primeira das sete cidades antigas. Todos maravilhosos e imponentes. O Forte é imenso. O minarete e as ruínas ao redor impressionam pela arte. O portal lembra o Arco do Triunfo (deve ser vice-versa, pelas datas...). Finalmente, chegamos já de noite, a um templo da religião Bahai, em forma de lótus, todo em mármore, inclusive os bancos lá dentro. Gigante e maravilhoso!








Terminamos nosso longo dia de visitações num restaurante suntuoso, com lugares reservados pela professora de literatura inglesa Maya Joshi, amiga do nosso professor e guia, Ricardo. Simpatissíssima, insistiu para que provássemos uma sobremesa que só pode ser comida nesta época do ano: um arroz doce bem cheio de caldo e pouco arroz, feito com o açúcar da tamareira, que só é colhido entre novembro e janeiro. Que luxo!

Outra particularidade é que era terça-feira. Assim, o restaurante estava praticamente vazio, pois os indianos costumam jejuar neste dia da semana, em homenagem ao deus Ranumam. Aprendemos também que segunda-feira é dia de Shiva, o marido perfeito. Então as moças casadoiras jejuam neste dia para encontrarem um bom marido.

Nosso segundo dia em Nova Delhi começou com uma visita ao memorial a Gandhi, onde uma chama fica constantemente acesa sobre suas cinzas. Em seguida, túmulo de Humayun, antigo imperador - verdadeiro castelo!









O resto do dia foi dedicado às compras. No centro, o paraíso dos sacoleiros, uma loja atrás da outra, tudo muito barato. O que mais gostei foi do Central Cottage Emporium - seis andares de lojas do governo, com produção de artesanato de todos os estados da Índia. Uma maravilha! Desde móveis trabalhadíssimos até um lápis enfeitado, encontra-se de um tudo ali. Os preços são mais altos, mas a qualidade é assegurada. Notei vários livros que tratam do trabalho e da emancipação das mulheres na Índia de hoje. E, é claro, todos os bestsellers americanos que, no Brasil, se encontram em português. Dá-lhe globalização!