quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Maha Kala

02/01/2011

No segundo dia do ano, fiz algo inesquecível: participei de uma caminhada do hotel até o alto da montanha, em Rahul Bihar (região de Maha Kala), onde o Buddha costumava fazer práticas ascéticas, ou seja, antes de descobrir o Caminho do Meio - nem tão apertada, nem tão frouxa deve ser a corda de um instrumento musical para que a música saia bonita!

Éramos 11 e, com um guia, percorremos o leito de um rio seco nesta época - verdadeiro deserto de areia para, em seguida, nos equilibrarmos entre campos retangulares de mostarda, arroz e pimenta verde. Mais adiante, atravessamos as ruelas dos vilarejos onde moram os agricultores da região. Literalmente invadimos várias casas, como numa favela, às vezes. As crianças se amontoavam na proporção de 20 para cada quatro adultos por perto. Pediam de tudo, como fazem aquelas no Brasil. Era triste demais, mas houve uma nota engraçada: - Cháculê, gritavam! - Cháculê, respondíamos, crentes de se tratar de algum tipo de 'bom dia numa língua exótica. Depois o guia explicou que elas diziam "chocolate" em inglês, e que isso servia para qualquer coisa doce!





Outro episódio nessa trilha de 3 horas foi quando as crianças começaram a cobiçar as garrafas de água mineral que trazíamos conosco. A certa altura, uma companheira sensibilizou-se e entregou sua preciosidade - fazia um calor danado, com o sol na cabeça todo o tempo! Qual não foi seu espanto quando presenciou a criançada "esvaziando" todo o conteúdo da água na terra seca para ficarem com a garrafa de plástico. Lá, isso era transformado em cano e sabe-se lá que outras utilidades teria para os pequenos...




Uma estátua dourada do Buddha em pele e osso compunha o altar da minúscula gruta numa rocha bem no alto, cuja frente era toda enfeitada por bandeirolas coloridas, tibetanas, como, aliás, acontecia em várias outras cavernas e lugares sagrados que visitamos até aqui. Aproveitei para agradecer e orar por todos nós, para que encontremos também o Caminho do Meio em nossas vidas.







A parte da história em que o Buddha finalmente sai do ascetismo ao aceitar uma tigela de arroz doce de Sujata - uma jovem - foi também contemplada por essa turma de andarilhos. Vimos um monumento e um templo dedicado a ela, logo no início de uma jornada memorável!


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